sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Casa aonde nasceu o Dr. Oswaldo Cruz

Visitando o sótão, a conversa se alonga... (6)

Apesar de cético quanto aos signos do zodíaco, talvez por ser do signo de Gêmeos me atraiam a curiosidade e as comparações dos extremos.
Nesta empreitada já visitamos o porão, então, nada mais natural do que visitarmos o sótão.
As tralhas do porão por lá ficaram... O que virá agora no sótão?
Uma das minhas especialidades é estudar as estruturas de telhados em madeira.
Descobrir os testemunhos do corpo primordial do edifício é sempre emoção indescritível.
Tenho gosto pelas coberturas.
Além dessa paixão pelas descobertas das peças da cobertura ser muito prazerosa, vem sempre acompanhada do brinde do tempo:
Lógico! A poeira, a imensa poeira que o tempo se encarregou de acumular.
E vem tudo de uma vez!
Portanto, agora é a vez de sacudirmos a poeira!
Sacudir a poeira e limpar as tralhas são as figuras da forma arcaica de se fazer ciência que ainda vemos por aí.
Servimo-nos de um modelo que já está vencido há muito!
Explico:
A física para mim é a ciência das ciências, e os modelos da mecânica racional ou do equilíbrio, e até mesmo a dinâmica, de há muito já não nos são suficientes para explicarmos o mundo que nos rodeia.
Em outras palavras, a física clássica já foi superada há muito.

No entanto seus modelos são aplicados para tentar explicar os fenômenos que nos cercam, mas, já não satisfazem. Os resultados não resultam...
Resumindo:
Acreditamos que se uma força é aplicada numa direção resulta um movimento. Para que ele seja anulado basta que lhe apliquemos uma força de mesma intensidade em sentido contrário para voltarmos ao estado anterior...
Foi assim que aprendemos:
A espécie humana sempre acreditou que pudesse submeter à natureza os seus caprichos, e reverter os resultados a qualquer instante. O mundo voltaria ao estado anterior se, por exemplo, restaurássemos a floresta que devastamos.
Estamos assistindo o desastre como se fossemos apenas espectadores!
Entretanto nosso papel não se limita a sermos espectadores, somos os protagonistas da catástrofe. Pior, somos os autores, diretores, agentes e pacientes de nossas próprias ações.
Sabemos que o modelo quântico, por enquanto, satisfaz melhor a explicação que buscamos.
Existem estados e condições em que a matéria não se comporta da maneira “lógica” – linear - que aprendemos. Ela se libertou desse modelo e se comporta de maneiras surpreendentes.

Dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Um corpo pode ocupar dois lugares distintos no espaço ao mesmo tempo, o que parece muito mais fantástico. E por aí vai...
O salto já foi dado. O Quantum foi ultrapassado. Tratamos de uma grandeza que não varia de forma contínua. O limite da reversão ao estado anterior simplesmente não existe mais.
As condições climáticas divididas em estações do ano, como conhecemos, não se aplicam mais.
A extinção de espécies representa outro desses saltos. Neste caso, não há como aplicarmos a tal força de mesma intensidade em sentido contrário.
Como diz o Fábio, ninguém vai salvar o planeta, ele tem vida própria e finita.
O problema é saber como queremos viver daqui por diante.
O modelo de ensino está superado, os alunos não suportam mais aulas no formato que tivemos. O conhecimento precisa ser construído a partir de novo modelo de ensino, ou melhor modelo de aprendizado.
Precisamos nos livrar das tralhas e sacudir a poeira.

Entretanto, é preciso voltar a ela urgente, quero dizer à poeira. Antes que vocês percam a paciência.

Como dizia, ao visitar o sótão...
Poeira, mais poeira, encaixes e mais encaixes, e tome mais poeira ainda, poeira e encaixes: mão de amigo, buracos de cupins e outros xilófagos ao que parece...

Retomamos a conversa... Já era tempo!
Afinal, conservar é preciso, conversar não é preciso!

Lembram da parede cinza da edição anterior? Estou sobre ela nessa foto logo abaixo.

Hei! Quem são vocês duas?
Olha só! O testemunho de um encaixe em rabo de andorinha!
Mas, aonde foi parar a peça em rabo de andorinha que deveria estar aqui?
Quem seria ela?

Duas peças paralelas desses tamanhos, sobre a parede cinza!

Se eu estivesse do lado de fora como ficaria a situação?
Falando com a fachada direita da casa pedimos licença para desenhar a projeção da parede e daquelas duas peças... Na foto, claro!

Concluímos que a parede era estrutural sim. Mas, num momento em que as duas peças paralelas eram os frechais que sustentavam aquela peça que sumiu.
Agora, posso supor que a peça em rabo de andorinha era a linha de um caibro armado, peça importante da estrutura da cobertura primordial.
Sabe que estou gostando dessa nossa conversa não precisa com as paredes!
Seu dialeto está se revelando muito simples.
A casa terminava nessa parede, ou melhor, essa parede compunha a fachada dos fundos.
A partir dessa informação, podemos desenhar uma sugestão do que pode ter sido a casa primordial, aquela que foi erigida pelo ajudante Joaquim José Ferreira em 1834, provavelmente sob encomenda do Dizimeiro.
Entretanto, este período da Casa em que nasceu o Dr. Oswaldo Cruz antecede em três décadas e meia a ocupação de casa por sua família.

Ainda conversaremos não precisamente muito mais....

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