quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ladrões do futuro

Desde 1987, o relatório "Nosso Futuro Comum", também conhecido como o Relatório Brundtland - Gro Harlem Brundtland, 1a. Ministra da Noruega que presidiu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - apontou a falência do sistema produtivo baseado em fontes de recursos naturais não renováveis.
Hoje essa informação é de conhecimento geral - ou pelo menos deveria ser!
Essa sensação incômoda de sermos larápios do futuro - ou seja, quanto maior a nossa riqueza material for forjada sobre matrizes não renováveis, maior será a pobreza no futuro - permeia meus pensamentos.
Esse pensamento banal, talvez soe catastrófico demais, pois, afinal, o desenvolvimento científico e tecnológico vai nos safar de tal mórbido destino...
Até quando vamos insistir nesse equívoco?
Se o recurso é não renovável, é óbvio: gastou, acabou!
O discurso está pronto e os países iniciam ações, mesmo sem a massa crítica de conhecimentos necessários para uma atuação mais eficiente porque alguma coisa precisa ser feita. E, urge!
Mas, e a prática?
Prossegue o diálogo internacional sobre gestão econômica global, mas as distâncias dos níveis de desenvolvimento entre as nações, às vezes, podem-se medir em anos-luz...
A educação, por exemplo - conheço um pouco o modelo brasileiro, mas, acredito que na maioria dos outros países seja da mesma forma - ainda orientada por modelo arcáico e defasado com as necessidades que surgiram.
Para ilustrarmos o estado das coisas, até lei sancionada pelo governador José Serra, em 11 de setembro, proibindo o uso de celular dentro da sala de aula foi criada. É, ou não é o atestado da própria falência da educação? O lugar da educação não controla de per si a referida educação, oras!
O acesso à informação foi um grande avanço, mas o ensino - em todas as instâncias, sem excessões - no entanto, continua a aprovar a incompetência. Assim, dificilmente criaremos a necessária massa crítica para alcançarmos os avanços propostos naquele relatório.
Por incrível que pareça, já flagrei conversa em meio universitário de que sustentabilidade já é tema ultrapassado, que já não envolve interesse como há 3 anos atrás. Já não temos o que aprender de novo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Como diria meu inesquecível Prof. Dr. Victor de Mello - um dos melhores dos que tive a honra de merecer aulas, e cada aula ele transformava numa viagem maravilhosa a desvendarmos os conhecimentos tão importantes de Mecânica dos Solos - : "Somos sábios, já sabemos tudo, já pensamos tudo, não precisamos mais pensar, pois!!!!" Ironicamente, lógico!
A democratização, então, nem se fale, temos muito de discurso e pouco de prática.
Num seminário de Planejamento Urbano - que ocorreu graças aos esforços daqueles que estão preocupados - em que participei como palestrante na semana passada, uma pergunta ecoou retumbante:
- É correto uma área central da cidade abrigar projeto de habitação popular?

O mais provável, é que, ainda não nos enxerguemos como o título deste artigo propõe.

Se respondermos essas questões, como devemos, talvez, tenhamos, enquanto espécie, alguma chance de futuro...

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