terça-feira, 5 de janeiro de 2010

E a culpa é de quem? São Pedro!

Apesar de termos tido o ano mais chuvoso da nossa recente história, temos um início de ano com chuvas mais intensas.
E a culpa é de quem?
Do governo, claro!
Alguns, não sem alguma razão, logo dirão: o governo é culpado de tudo.
O municipal, o estadual e o federal, são todos culpados!
E, se houvesse algum governo geral do mundo, certamente não escaparia.
Afinal, quem é o governo?
Na democracia, porque ainda não descobrimos nada melhor, é um grupo que o povo escolhe para representá-lo. Os que não escolheram arcam com o ônus junto, porque isso é democracia.
Muitas das vezes, e na maioria, salvo honrosas exceções, os escolhidos estão pouco se lixando para o povo.
Deram-se bem, graças aos que os elegeram, e a custas de todos levam seus projetos pessoais adiante. Na maioria das vezes para se darem melhor ainda!
Esperar o quê desses?
Quando o tema é festa, tudo é festa!
Ninguém precisa de governantes para festejar. Basta um motivo.
Quando o povo tem um motivo, logo os seus representantes aparecem para garantir uns dividendos...
Todo mundo quer ser o pai da criança! O mentor, o incentivador e talvez, até, o patrocinador! (Claro que os patrocinadores somos nós mesmos!)
Conclusão, todo mundo quer ser o pai da criança!
Agora, se o filho for ruim, vira órfão! Filho ruim não tem pai!
Vamos examinar o que um governante diz diante de um episódio que cada vez mais fica, infelizmente, corriqueiro: uma enchente, por exemplo.
Preâmbulo:

Recentemente Dan Robson acompanhou, na medida do que lhe foi possível, o flutuador que mediu a qualidade das águas do rio Tietê. Na trajetória verificou a quantidade de lixo despejado diretamente pela população no rio.
Logo os governantes se aproveitaram para – não sem muita razão – despejar o ônus sobre o culpado: a própria população.
Já imaginou algum dia ligar a TV nos jornais de notícia e um governante dizer:
Meu povo, estou aqui para dizer a vocês que a culpa é minha. O dinheiro dos impostos – seu dinheiro - eu encaminhei para projetos do interesse dos meus pares, e vocês dançaram!
Nem no dia 1º de abril!
Evidente que a parcela de culpa daqueles que laçam o lixo nos ribeirões - como se a água fosse a caçamba da lixeira passando para recolhê-lo - e nos nossos mananciais é grande!
Mas, será só deles? (Repito – sem diminuir o crime acima descrito)
Uma enchente pode ter várias causas:
1- a acima descrita;
2- sistemas de escoamento insuficientes;
3- ocupação de local inadequado para se habitar; e,
4- água demais.
Dentre tantas causas possíveis, essas quatro podem representar as responsáveis pela maioria das enchentes.
Continuemos:
A segunda das causas normalmente envolve duas instâncias: a privada e a pública

A iniciativa particular, no caso dos loteamentos e crescimento da nossa cidade, quase nunca se importou com isso. Uma das provas cabais disso está no próprio traçado da cidade: ruas de loteamentos lindeiros, não se alinham como deveriam. Sabemos que a cidade cresceu mercê as vontades dos especuladores imobiliários. Nada de novidade.
Quanto ao poder público e as concessionárias de serviços públicos, normalmente atendem a padrões de cálculos para uma realidade da cidade que foi projetada para carroças. Outros tempos! Diante dos novos tempos recorrem a paliativos com os piscinões.

Mais adiante trataremos dos novos tempos...
A terceira causa é a inadequação do local ocupado. Esta, obviamente, é a grande causadora das catástrofes, que há muito estão anunciadas. A população expulsa da urbe
pendura-se onde puder. A política pública é pífia diante da pressão do mercado especulativo. A urbe é somente dos incluídos e para os incluídos.
A quarta é a quantidade de água.
O aquecimento global é causa de derretimento das calotas polares e das geleiras “permanentes” que recuam. (Para azar de seus ecossistemas!)
Água demais e água de menos!
Se há água de menos em vários lugares, que acarreta muito sofrimento para os habitantes de suas cercanias, haverá água demais para outros, que pode acarretar outros tantos sofrimentos a esses. (Incluindo como habitantes toda espécie de vida)
Ao final quero enfatizar de que a importância deste relato não reside na partição das nossas culpas. Sim, temos culpa, todos nós!
Mas, relevante é o equívoco que esse pensamento causal encerra.
Melhor explicando:
Se não houvesse as causas apresentadas não teríamos as enchentes.
O equívoco reside aí. Passamos muito do tempo causal, não há como restaurar o momento passado, passou!
Se nos interessar não agravarmos mais o que está no porvir, u
rge que mudemos a forma de analisarmos os eventos.
Um modelo novo é necessário. Os que dispomos estão vencidos.
Vejo a busca do conhecimento multidisciplinar a repetir os mesmos erros, embora já signifiquem um avanço. Não basta os multi-olhares sobre os assuntos a tratar.
Temos que criar um modelo que retrate melhor o que observamos, que normalmente chamamos de ciência.
O que chamamos de final dos tempos, que apesar de inspirar muito os apocalípticos, pode bem significar, apenas, que o que valia até aqui, não vale mais, acabou-se. Serve-nos para explicar apenas parcialmente o que observamos.
O primeiro modelo “novo” que mal conheço, mas me arrisco indicar é o quântico.
Já não tratamos de eventos causais, mas de sistemas.
Novos tempos!

Como todo o final de alguma coisa é o começo de outra coisa...
Por falar em quantidade de água, penso em Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". (Idéia antiga, mas que ainda vale!)
A água é um tanto, esse tanto se transforma, e se desloca.

Num mundo esférico, como o nosso, deve girar bastante!
Água sólida se liquefaz, até aí volumetricamente a variação não é lá muito grande. Para menos, inclusive.
Daqui para diante é que os eventos me preocupam...

O ciclo da água me diz que haverá uma etapa de sua vaporização. Essa vaporização – que penso ver, aumentou muito - entendo causadora das grandes chuvas que experimentamos no momento – também pode, talvez, representar outra coisa que questiono, mesmo sem conhecer as respostas:
Se a água no estado de vapor tem uma volumetria bem maior, a camada que evapora aumenta ou não a pressão da nossa atmosfera?
Se aumenta, quanto? Haverá conseqüências se houver acúmulo de energia e, ou massa nesse novo estado – sistema? Há perda de água para fora da Terra? Saberemos medir isso? Alguém sabe?

Dedico este texto:
Aos meus alunos e aos amigos de São Luís do Paraitinga com quem me solidarizo neste momento ruim, e a quem na próxima sexta-feira levarei meu apoio e assistência.


Em tempo: São Pedro está isento de qualquer culpa no cartório.

Se houver interesse em ver as imagens tristes:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1185099-7823-PREFEITURA+DECRETA+ESTADO+DE+CALAMIDADE+PUBLICA+EM+SAO+LUIS+DO+PARAITINGA,00.html

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